Mastologista da Rede São Camilo comenta os 5 mitos sobre a doença e reforça o papel da informação no combate ao câncer de mama.
A desinformação é um dos principais obstáculos no combate ao câncer de mama, pois alimenta o medo e contribui para o atraso no diagnóstico. Muitos mitos rondam a doença e impactam a procura por atendimento médico.
O câncer de mama se mantém como o tipo de câncer mais comum entre as mulheres em praticamente todo o mundo. No Brasil, a estimativa é de aproximadamente 70 mil novos casos por ano, de acordo com o Instituto Nacional de Câncer (Inca).
“Quando o câncer é detectado em estágios iniciais, a taxa de sucesso do tratamento pode ultrapassar 90%, e a paciente pode se beneficiar de terapias menos invasivas. Parte do caminho para o diagnóstico precoce passa pela informação”, aponta a mastologista da Rede de Hospitais São Camilo de São Paulo, Heliégina Aparecida Palmieris.
Com o slogan “Troque medo por prevenção, silêncio por informação”, a campanha do Outubro Rosa da Rede São Camilo reforça a importância de desmistificar inverdades e, assim, encorajar as mulheres a buscarem o diagnóstico. Abaixo, a especialista explica os principais mitos sobre o câncer de mama.
“Câncer de mama só atinge quem tem histórico familiar”
Mito. A grande maioria dos casos de câncer de mama é esporádica e não tem ligação direta com fatores hereditários. “Apenas 5% a 10% dos casos estão relacionados a mutações genéticas herdadas, como nos genes BRCA1 e BRCA2. A idade avançada e o estilo de vida são fatores de risco mais comuns”, comenta Heliégina.
A paciente Juliana de Lima Martins, de 40 anos, analista de planejamento, descobriu o câncer de mama durante a realização de exames de rotina. Jovem e saudável, sem histórico familiar da doença, ela procurou um mastologista após a detecção de nódulos na mama. Os resultados da ressonância magnética e da biópsia confirmaram o diagnóstico.
Para as mulheres que estão lidando com a doença, ela deixa um recado especial. “Não vai ser fácil, mas tudo depende da forma como você vê. Se olhe com carinho, se permita, chore, viva, mas tudo isso vai passar. Tudo passa. Minha vó já dizia: nada melhor que um dia após o outro com uma noite no meio”, afirma a Juliana.
“Usar sutiã apertado, com aro, ou desodorante antitranspirante causa câncer”
Mito. Não há nenhuma comprovação científica que relacione o uso de sutiãs, independentemente do modelo, ou desodorantes antitranspirantes ao desenvolvimento da doença.
“Essa é uma das fake news mais antigas e disseminadas sobre o tema. A teoria que deu origem a esse mito sugere que o sutiã apertado ou com aro poderia obstruir a drenagem linfática da mama, levando ao acúmulo de toxinas que causariam o câncer. Porém, o sistema linfático possui múltiplas vias de drenagem, e um sutiã normal não é capaz de bloquear essa circulação a ponto de causar a doença”, comenta a mastologista.
Segundo a especialista, sobre os desodorantes, a preocupação se concentra nos sais de alumínio presentes nos antitranspirantes. O alumínio e os metais pesados (níquel, chumbo e mercúrio) podem atuar como metaloestrogênio, isto é, são substâncias inorgânicas que podem agir como desreguladores endócrinos, potencializando a ação do estrogênio.
“Até o momento, a maioria dos estudos epidemiológicos em humanos não encontraram uma associação significativa entre o uso de desodorantes com alumínio e o aumento do risco de câncer de mama. A escolha entre os produtos com ou sem alumínio deve ser baseada em preferências pessoais, tolerância cutânea individual e orientação médica”, explica Heliégina.
“O autoexame pode substituir a mamografia e ultrassom das mamas”
Mito. O autoexame é importante para o autoconhecimento da mulher e para que ela consiga notar qualquer alteração no corpo. No entanto, ele não substitui os exames de imagem. “A mamografia a partir dos 40 anos, é o único exame de rastreamento capaz de detectar tumores em fase muito inicial, quando ainda não são palpáveis, o que aumenta drasticamente as chances de cura”, reforça a mastologista.E para as mulheres mais jovens recomendamos a realização de us mamas .
“Todo caroço ou nódulo na mama é câncer”
Mito. A maioria dos nódulos mamários é benigna, especialmente em mulheres mais jovens, sendo frequentemente cistos ou fibroadenomas (nódulos formados pelo próprio tecido mamário que não evolui para o câncer). “É necessário que qualquer alteração seja investigada por um especialista para descartar a malignidade”, ressalta a especialista.
“Pancadas ou traumas nos seios podem desencadear a doença”
Mito. Um trauma ou uma batida na mama não tem a capacidade de iniciar o processo de multiplicação desordenada das células que caracteriza o câncer. No máximo, pode causar um hematoma.
“Normalmente, após um trauma, a pessoa tende a examinar a mama com mais cuidado, o que pode revelar uma lesão mamária já existente”, comenta a mastologista. Conhecer o próprio corpo, adotar um estilo de vida saudável e realizar os exames de rastreamento são as melhores estratégias para o diagnóstico precoce do câncer de mama.
