Aumento de casos de câncer de mama em mulheres abaixo de 35 anos preocupa especialistas

Publicação: 22/10/2024
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O aumento de casos de câncer de mama em mulheres abaixo de 35 anos preocupa especialistas, que ressaltam a importância do diagnóstico precoce devido à maior agressividade dos tumores

O câncer de mama, tradicionalmente mais associado a mulheres com mais de 50 anos, vem crescendo de maneira preocupante entre as jovens. Dados de 2022 da Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM) mostram que a incidência da doença em mulheres com menos de 35 anos subiu para 5%, quando em anos anteriores essa faixa representava apenas 2% dos diagnósticos. 

“Esse aumento é alarmante, especialmente porque os tumores em mulheres jovens tendem a ser mais agressivos e de difícil tratamento”, alerta a Dra. Giovanna Azevedo Gabriele Carlos, mastologista da Rede de Hospitais São Camilo de São Paulo.

A especialista destaca que, em jovens, o tipo de tumor mais comum é o triplo-negativo, que não responde a terapias hormonais e tem uma evolução rápida. “Esse tipo de câncer cresce em um ritmo acelerado e muitas vezes exige tratamentos invasivos como quimioterapia mais intensa e, em alguns casos, a mastectomia”, explica a médica.

Além disso, um estudo do Instituto do Câncer (INCA) revela que o número de mulheres jovens diagnosticadas com câncer de mama tem crescido de forma alarmante desde 2009. Naquele ano, 7,9% das pacientes tinham menos de 40 anos, enquanto, em 2020, esse número saltou para 21,8% – um aumento de 14,8% em apenas uma década. “Esses números indicam uma mudança no perfil das pacientes, o que exige maior atenção no diagnóstico precoce e na conscientização”, afirma a Dra. Giovanna. 

Fatores de risco em mulheres jovens

Os hábitos de vida são apontados como um dos principais fatores para o aumento de casos entre jovens. “Hoje, vemos mulheres adiando a maternidade, adotando dietas desequilibradas e tendo rotinas mais sedentárias. Esses fatores, aliados a um histórico familiar de câncer, aumentam significativamente o risco”, destaca a especialista. Além disso, o consumo de álcool, tabagismo precoce, obesidade e a exposição à radiação, bem como a presença de mutações genéticas nos genes BRCA1 e BRCA2, também são fatores de risco importantes.

O desafio do diagnóstico precoce

O diagnóstico precoce é um dos maiores desafios no combate ao câncer de mama em mulheres jovens. “Como a mamografia é recomendada apenas para mulheres acima dos 40 anos, muitas jovens só descobrem a doença em estágios mais avançados”, diz a Dra. Giovanna. Isso também ocorre porque o tecido mamário das jovens é mais denso, dificultando a detecção de nódulos tanto no autoexame quanto nos exames de imagem.

No entanto, a especialista reforça a importância de estar atenta aos sinais do corpo. “É crucial que as mulheres conheçam suas mamas e se toquem, e busquem orientação médica ao perceber qualquer alteração nas mamas, como nódulos, mudanças na textura da pele ou secreção nos mamilos”, orienta.

Para mulheres com histórico familiar, a recomendação é iniciar o rastreamento antes dos 40 anos, com exames complementares como ultrassonografia ou ressonância magnética. “Se a mãe ou a irmã foi diagnosticada com câncer de mama aos 40, a filha ou irmã deve começar a fazer os exames por volta dos 30 anos”, explica a mastologista.

Conscientização no Outubro Rosa

O movimento Outubro Rosa é fundamental para alertar sobre a importância da prevenção e do diagnóstico precoce, sobretudo entre as jovens. “As mulheres jovens costumam não se enxergar como parte do grupo de risco, mas é essencial quebrar esse mito”, afirma a Dra. Giovanna. Além disso, ela ressalta que a adoção de hábitos saudáveis, como uma alimentação equilibrada, prática regular de exercícios físicos e evitar o consumo de álcool e tabaco, são essenciais para reduzir o risco de desenvolver a doença.

“O aumento de casos em mulheres jovens é uma realidade que precisa ser enfrentada com medidas redutoras de risco e exames periódicos”, diz a especialista. “Embora o câncer de mama em jovens seja geralmente mais agressivo, a conscientização e o diagnóstico precoce podem aumentar significativamente as chances de cura”, conclui a Dra. Giovanna Gabriele.