Consumo é quase 60% maior do que o recomendado; Especialista explica os perigos do excesso da substância
De acordo com o Ministério da Saúde, o brasileiro consome cerca de 80g de açúcar por dia, quase o dobro do recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) de 50g por dia. Além disso, o Brasil é o quarto maior consumidor de açúcar do mundo.
A Pesquisa de Orçamentos Familiares, feita em 2018, aponta que 85,4% da população brasileira adiciona açúcar em alimentos e bebidas. Segundo o nutrólogo da Rede de Hospitais São Camilo de São Paulo e Instituto de Metabolismo e Nutrição (Imen), Daniel Magnoni, as consequências desse consumo exagerado são graves, culminando na alta prevalência de doenças crônicas no país.
“O excesso de açúcar está diretamente ligado ao aumento da obesidade, ao desenvolvimento de Diabetes Tipo 2 e à desregulação de gorduras no sangue (como o aumento dos triglicerídeos), o que eleva o risco de problemas cardiovasculares”, aponta.
Porém, é preciso compreender como funciona o consumo do açúcar no Brasil. Segundo a Associação Brasileira da Indústria de Alimentos (ABIA), o consumo pode ser dividido em quatro categorias:
- Açúcar de mesa (aquele colocado pelas pessoas na preparação de alimentos e bebidas);
- Açúcar in natura (presente de forma natural em alimentos, como frutas);
- Açúcar que está nos alimentos, como leite ou frutas, e é usado como ingrediente de alimentos processados. Um exemplo é o suco de maçã utilizado para adoçar os sucos de lata de outros sabores;
- Açúcar adicionado nos alimentos processados (aquele que não é natural dos alimentos e é adicionado na fabricação dos alimentos processados).
“A maior parte desse consumo provém do açúcar adicionado pelos próprios brasileiros em casa, usado para adoçar cafés, sucos e outras preparações. Contudo, o aumento no consumo de alimentos ultraprocessados e bebidas açucaradas (como refrigerantes e néctares industrializados) é um fator agravante, pois esses produtos são carregados de açúcares livres e contribuem com calorias vazias na dieta”, explica Magnoni.
Como identificar alimentos que têm açúcar?
Muitos alimentos que consumimos diariamente, e que sequer são percebidos como doces, contêm açúcar adicionado em sua composição. Segundo o especialista, no processo de fabricação, os açúcares são utilizados não apenas para adoçar, mas também para prolongar a validade dos produtos alimentícios.
“Condimentos como molho de tomate, ketchup e molhos para salada possuem algum tipo de açúcar na formulação para balancear o sabor. É comum encontrar o equivalente a uma colher de chá ou mais em poucas colheres de sopa de molho pronto. Além disso, caldos prontos, pães de forma e cereais matinais também possuem açúcar entre os ingredientes”, explica o nutrólogo.
Para evitar o consumo inesperado, é importante ler a lista de ingredientes no rótulo. O especialista aponta que o açúcar pode aparecer sob diversos nomes, como: Xarope de milho ou Xarope de Glicose, Maltodextrina ou Dextrose, Maltose, Frutose, Glicose ou Sacarose, Extrato de Malte, Melado ou Mel, Açúcar invertido, entre outros.
O nutrólogo aponta que ler a lista de ingredientes dos produtos alimentícios é a principal ferramenta para identificar o açúcar e fazer escolhas mais saudáveis. “Nela, a população pode confirmar a presença dessas substâncias e evitar o consumo excessivo não intencional. Além disso, alimentos com listas curtas e compostas por ingredientes que são facilmente reconhecíveis tendem a ser menos processados e, consequentemente, mais nutritivos”, explica Magnoni.
É possível avaliar também a qualidade do alimento verificando a ordem dos ingredientes, já que eles são listados do maior para o menor em quantidade. “Se o açúcar ou gorduras aparecerem entre os primeiros itens, o produto é, majoritariamente, composto por esses elementos, indicando baixa densidade nutricional”, finaliza o nutrólogo.
